domingo, 31 de janeiro de 2021

Tempos difíceis

São efetivamente tempos muito muitos os que vivemos desde março de há um ano, sem data clara de termo que possamos antecipar. A dificuldade maior começa por ser a crise sanitária mas há outras derivadas: económica, social, emocional. A gestão destes tempos e das emoções que gera não é fácil tanto mais que os sinais que nos chegam são contraditórios, desde logo os que resultam da gestão pública do fenómeno mas, especialmente, da mensagem que é passada pela comunicação social, que tem posto a claro estar enxameada por péssimos jornalistas. O sensacionalismo e a mensagem política parece motivá-los bastante mais do que a sensibilização e esclarecimento do cidadão comum. A tudo isto se juntam as "certezas" dos comunicadores das redes sociais.

Num tal cenário, não é surpreendente que possamos estar mais sensíveis e porventura inseguros, precisando de  toda a serenidade possível para lidar com os compromissos do dia-a-dia, e compreensão para gestos ou palavras que podem sair mais intempestivos. Precisamos todos, sublinho, e não apenas alguns. Num tal cenário, há desencontros que não deveriam ocorrer, que são o contrário do que precisamos, mas ocorrem, até porque facilmente alguns geram a convicção de que acertam sempre e estão para além de qualquer gesto menos cordial ou desrespeitador da sensibilidade dos outros.

Tal como a crise sanitária há-de ser superada, também os seus efeitos hão-de ser ultrapassados. As perdas derivadas são difíceis de estimar, sendo algumas incomensuráveis, nomeadamente as expressas em perdas de vidas, temos no entanto que acreditar que o futuro continuará a dar-nos oportunidade de encontro e de esperança. Havemos de ficar bem e o espaço para o abraço, para o passeio de mão dada hão-de voltar a acontecer.


José Cadima 

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